28/04/2009

Roadburn - Dia 1

Eis o relato do primeiro dia de concertos, com duas bolachinhas à mistura, em jeito atrasado de caça aos ovos da Páscoa..
O amigo Pedro Roque desta vez não tirou (muitas) fotografias, mas prometeu contribuir com alguns vídeos. A actualizar brevemente.


Barões, Duques e cães a um osso.

Acordados por um grupo de assaltantes que fugia à polícia, rapidamente nos recompusemos e rumámos a Tilburg. O meu cu seria demasiado pobre para ser roubado e o comboio não espera por ninguém. Do outro lado da linha, para lá da névoa baixa que cobre o prado holandês, o nosso surfista de sofá aguarda-nos com um pelotão de suecos, humor mordaz, o domínio perfeito da língua inglesa e, acima de tudo, duas grades de cerveja. Má, daquela que comparamos a urina, mas sempre cerveja.
"Descida" à cidade. Esplanadas. As barbas começam a surgir cada vez mais imponentes em dimensão e corte, trajadas de ganga, cabedal e t-shirts de bandas, de Amorphis a ZZ Top. Duas cervejas depois, embrenhamo-nos no 013. A ansiedade puxa-me os intestinos, como se eu acabasse de pisar uma mina, e não me deixa aperceber da verdadeira dimensão do complexo.
Não há tempo. No palco principal, os próprios Baroness fazem o soundcheck. É fácil arranjar um lugar na frente. A essa hora, os burners preferem empacotar-se nos dois números secundários ou numa banca de comida para galinhas. Melhor comer lá fora, no turco.
Quando termina um concerto e ficamos com a sensação de que foi o melhor que vimos nos últimos anos, é difícil imaginar que isso é só o início. A partir daí, tudo será igual ou melhor. Foi assim com os Baroness. Perfeitos, imponentes, resplandeciam como se fosse ao ar livre. Os Orange Goblin, que nem estão muito na minha playlist, transformam-se no palco e demolem a assistência com fumos e riffs. Até o vocalista parecia bom!
Uma pausa para comer no turco antes de Amon Düül II, que já se poderiam chamar Amon Düül LXVIII. Som mais fraco, sofrendo de 30 anos de avanço da tecnologia e já de alguma artrite, mas recompensando-nos com duas músicas do "Yeti", com o chefão a pegar no violino e a provar a todos os presentes que velhos são os trapos. Não ficando até ao fim, conseguimos ainda enfiar-nos no concerto de Zu, três italianos que mais parecem seis, com saxofone esmurrado, bateria tocada por um polvo, baixo para lá de saturado e samples de latidos de cães que faziam o "Dogs" dos Pink Floyd parecer gravado por um chihuahua asmático. Unanimemente, o melhor concerto da noite, juntamente com Baroness.
Tempo ainda para espiar o Alexander Tucker a falhar o micro e a atrapalhar-se nos loops, mas, ainda assim, um bálsamo para ouvidos e pulmões. De volta à Green Room, os Wolves in the Throne Room preparam-se. Não são mesmo a minha chávena de chá, mas tenho de admitir que pareceram mais crescidinhos ali. Os devotos apertam-se como cogumelos em lata, outros promovem a má onda.
Já não há pernas nem pachorra para Devil's Blood, White Hills, muito menos para a lamechice dos Motorpsycho, apesar dos pratos de choque de 16''. Última cerveja. Ganza ainda não temos. Amanhã há mais.

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